domingo, 30 de outubro de 2016

Oscar - Década de 1910s

Isto é algo que pretendo fazer ao fim de cada década, uma breve premiação dos melhores filmes, atores e diretores que apareceram no livro. Se tiverem visto alguns filmes da década deixem nos comentários as suas próprias premiações!

Lista dos nomeados e o vencedor em negrito! Diretores/atores que tiverem feito mais de um filme será listado apenas o melhor dele no quesito.

Melhor Filme:
Intolerância (D.W. Griffith)
O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene)
Lírio Partido (D.W. Griffith)
Três bons filmes, com os dois de 1919 sendo ótimos. Mas Lírio Partido definitivamente ganha esta disputa.

Melhor Diretor:
D.W. Griffith (Intolerância)
Louis Feuillade (Os Vampiros)
Robert Wiene (O Gabinete do Dr. Caligari)
Falem o que quiser deste homem, mas ele é sem dúvidas um diretor fantástico.

Melhor Atriz:
Musidora (Os Vampiros)
Mae Marsh (Intolerância)
Lilian Gish (Lírio Partido)
Três atrizes fenomenais em ótimos papéis, mas a atuação de Lilian Gish em Lírio Partido foi simplesmente incomparável.

Melhor Ator:
Marcel Lévesque (Os Vampiros)
Alfred Paget (Intolerância)
Werner Krauss (O Gabinete do Dr. Caligari)
Richard Barthelmess (Lírio Partido)
Donald Crisp (Lírio Partido)
Barthelmess e Crisp fizeram uma boa competição, mas o vencedor claro para mim é Krauss em seu irretocável e lunático Dr. Caligari.

Pior Filme:
O Nascimento de Uma Nação (1915)
Desculpe, mas nem teve adversários aqui.

#7 - Lírio Partido (1919)

Título: Broken Blossoms
Duração: 90 minutos
Dirigido por: D.W. Griffith
Escrito por: D.W. Griffith, Thomas Burke
Produzido por: D.W. Griffith
Estrelado por: Lilian Gish, Richard Barthelmess, Donald Crisp
IMDB: 7,6
Rotten Tomatoes: 95%

Lírio Partido se mostrou uma agradável surpresa. Ao contrário de O Nascimento de Uma Nação e Intolerância, dois grandes e longos épicos de Griffith (um que não gostei e outro que adorei), em Lírio Partido o diretor encontra a sua melhor forma com uma técnica completamente diferente da de seus outros filmes: a simplicidade.
Este filme é de uma simplicidade tocante. Lilian Gish domina cada cena em que participa, com o seu rosto marcante transbordando sentimento e emoção (e quando ela usa os dedos para formar um sorriso? Dá uma pena enorme da personagem). Com a sua melhor personagem até agora, este filme é uma pura exaltação a Gish. Deixando claro que não estou aqui menosprezando as belas atuações de Barthelmess e Crisp, mas Lilian Gish simplesmente brilha só por aparecer na tela.
A premissa de Lírio Partido pode parecer um pouco polêmica em um primeiro momento. Uma garota de 15 anos que é constantemente maltratada e espancada pelo pai (e apesar de nunca mostrado ou citado, presumo que abusada também) que ao sair de casa se apaixona por um homem chinês que veio pregar a fé de seu povo em Londres mas acaba se viciando em ópio.
Pelo legado racista de Griffith sou obrigado a citar aqui que o Homem Amarelo foi interpretado por um americano, mesmo que chineses fizessem papéis secundários. Barthelmess usou faixas para deixar sua cabeça mais "parecida" com a dos ocidentais.
O filme tem cenários simples, um roteiro simples, mas devido a atuações marcantes, ele se destaca muito mais que os outros filmes de Griffith. Uma das cenas mais emocionantes que já vi até agora nesta lista é a famosa "cena do armário", onde a personagem de Lilian Gish é presa pelo seu pai. Dizem que quando Gish gravou esta cena o estúdio todo (e até mesmo a população de fora do estúdio) entrou em choque e veio ver o que estava acontecendo, com o próprio Griffith exclamando ao fim "Meu Deus, porque você não me avisou que iria fazer isso". Imagino o que sentiríamos ouvindo os gritos claustrofóbicos de Gish se o filme não fosse mudo. E sem spoilers sobre o final, mas é simplesmente emocionante.

NOTA: 9/10. O filme me encantou e me agradou, e Lilian Gish... sem palavras para a atuação dela aqui.

CURIOSIDADES:

O filme inteiro foi filmado em apenas 18 dias.

As cenas entre Battling Burrows e sua filha Lucy eram tão fortes que durante a pré-apresentação do filme uma repórter do Variety teve que se retirar pois estava vomitando. Lilian Gish conta que o próprio Griffith ficou doente durante a gravação da "cena do armário".

PRÓXIMO: Inocente Pecadora... outro filme de Griffith, e pelo que vi seguirá o passo melodramático de Lírio Partido invés do tom épico dos anteriores. Bom sinal!

Aqui está o link do filme completo. Com uma duração de 1 hora e meia, este filme é extremamente fácil de se assistir, devido a simplicidade do roteiro. Por 1 hora e meia de seu tempo verão a melhor atuação da melhor atriz do cinema mudo.


#6 - O Gabinete do Dr. Caligari (1919)

Título: Das Kabinett des Doktor Caligari
Duração: 71 minutos
Dirigido por: Robert Wiene
Escrito por: Hans Janowitz, Carl Mayer
Produzido por: Rudolf Meinert, Erich Pommer
Estrelado por: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Fehér, Lil Dagover, Hans Twardowski, Rudolf Lettinger
IMDB: 8,1
Rotten Tomatoes: 100%




     Primeiramente devo avisar que apesar do livro listas o filme como lançado em 1919 e na frente de outros filmes lançados em 1919 e 1920, em praticamente todas as fontes na internet ele aparece como lançado em 1920!
     Este é o primeiro filme alemão da lista e prevejo que se eles seguirem esse padrão, eu e o cinema alemão teremos um bom relacionamento (aguardando ansioso Marlene Dietrich). O Gabinete do Doutor Caligari é um filme de terror (o primeiro deste gênero aqui) fortemente influenciado pelo período do Expressionismo Alemão, com fortes sombras e raios de luz, com cenários íngremes, de linhas curvas e com um visual escuro.
     O filme inicia com Francis dizendo que vai contar a sua história (primeiro filme em que quase toda a ação se passa em um flashback) e começa a narrar a chegada do Dr. Caligari em Holstenwall e sua inscrição na feira da cidade. Sua atração para a feira: um sonâmbulo. Durante a sua apresentação ele acorda Cesare enquanto que Francis e seu amigo Alan estão assistindo. Cesare profetiza a morte de Alan para a manhã seguinte e assim acontece (em uma cena assustadora para a época).
     Francis começa a desconfiar de Cesare depois disso, além de vários outros assassinatos na pequena cidade. O clímax do filme acontece quando Cesare rapta a noiva de Francis, Jane. Uma perseguição ocorre e o Sonâmbulo Cesare cai morto. Francis vai investigar Dr. Caligari e este foge para um hospício, ao chegar lá ele descobre que o Dr. é o diretor do hospício. Com a ajuda de outros médicos ele remexe nos papéis do Dr. e comprova que ele dava ordens para Cesare. Dr. Caligari é então colocado em uma camisa de força e internado. O que vem depois disto é o primeiro plot twist da história do cinema, leia por sua conta: o flashback acaba e voltamos ao inicio do filme, onde Francis acaba revelando ser ele um louco paciente do hospício, assim como sua "noiva" Jane, seu amigo Alan e até mesmo Cesare. E o Doutor Caligari é realmente o diretor do hospício. O filme acaba com Francis sendo levado para a mesma cela em que Caligari foi colocado no "flashback".
     O filme acabou por ser uma agradável surpresa, com cenários intrigantes e diferente do que estávamos vendo na lista até agora. Apesar de não passar real medo hoje em dia, existem duas ou três cenas que devem ter sido horríveis para os telespectadores da época. Por fim, devo congratular fortemente a atuação de Werner Krauss como o lunático Dr. Caligari, extremamente bem feita.
NOTA: 8/10. Uma boa história, atuações decentes (com exceção de Krauss que foi espetacular) e uma história amarrada com um plot twist no final. Um merecido 8, talvez com uma segunda olhada aumente a nota para 8,5, mas por agora não.


CURIOSIDADES:


Todos os cenários foram construídos com apenas 800 dólares (uma grande diferença comparado com os 2 milhões gastos no nosso filme anterior, Intolerância).


O famoso diretor alemão Fritz Lang |(que é diretor de 5 filmes nesta lista) foi cotado para dirigir este filme mas acabou escolhendo outro projeto.


PRÓXIMO: Lírio Partido...outro filme dirigido por Griffith. Esperanças de que ele se aproxime mais a Intolerância do que a O Nascimento de Uma Nação!


Aí está o filme completo no YouTube para quem quiser ver! É um filme inovador alemão de terror feito há quase 100 anos e com pouco mais de uma hora. Ver este filme vai significar uma hora muito bem gasta!




sábado, 29 de outubro de 2016

#5 - Intolerância (1916)

Título: Intolerance: Love's Struggle Throughout the Ages
Duração: 163 minutos
Dirigido por: D.W. Griffith
Escrito por: D.W. Griffith
Produzido por: D.W. Griffith
Estrelado por: Lilian Gish, Mae Marsh, Robert Harron, Constance Talmadge, Alfred Paget, Seena Owen, Margery Wilson, Eugene Pallette, Howard Gaye
IMDB: 8,0
Rotten Tomatoes: 97%


     Tenho tantas coisas sobre este filme para falar que nem sei por onde começar.
     Intolerância é, assim como o Nascimento de Uma Nação, outro épico de quase 3 horas dirigido por D.W. Griffith. Porém, ao contrário do anterior, este consegue ser muito mais grandioso e agradável. Intolerância se divide em 4 história diferentes com o tema "intolerância", que se alternam durante o filme. Irei comentar brevemente sobre cada uma delas, começando pela menos interessante.
     A história menos interessante, e também a mais curta, é a sobre Jesus. Esta história consiste apenas em quatro ou cinco cenas contando famosas passagens da história do Novo Testamento, como a crucificação e o apedrejamento da adúltera "atire a primeira pedra aquele que nunca pecou". Em minha opinião esta história se mostrou desnecessária e não deveria ter sido incluído, já que mal foi trabalhada.
     A segunda menos interessante foi a história que se passou durante o Massacre de São Bartolomeu, na França do século XVI. Acredito porém que esta história peca apenas pelo seu pouco tempo de tela, pois tinha um grande potencial. A história mostrava a ambiciosa rainha Catarina de Médici tentando convencer seu filho Carlos IX a assinar a ordem de assassinar todos os Huguenotes (protestantes) de Paris. Mostra também o romance entre um soldado católico e uma jovem huguenote, que ficam noivos pouco antes do Massacre, enquanto que um mercenário se apaixona pela jovem noiva. O final da história é emocionante, e se tivesse tido mais tempo de tela poderia estar em pé de igualdade com as duas melhores histórias do filme.
     A história que traz as mais belas cenas do filme (e quase ser a minha favorita) é a história da Babilônia. Esta mostra a paixão de uma jovem masculinizada que não quer se casar pelo Príncipe Belshazzar, apesar de o príncipe estar perdidamente apaixonado por uma de suas esposas/concubinas. O Príncipe se torna um fiel de uma nova deusa, e o sacerdote de Bel, antes poderoso, trai a sua cidade para ajudar Ciro, o Persa, a atacar e conquistar. As cenas das batalhas são impressionantes e poderiam ter sido feitas ano passado se tivessem cores. Falarei mais sobre o cenário da Babilônia em breve.
     A última história fala de uma jovem grávida cujo marido é preso injustamente. Ela então tem um filho e cuida do jovem bebê sozinha, até que um grupo de carolas moralistas retiram o seu filho em uma emocionante cena. Após o seu marido ser solto, as coisas se complicam e ele acaba sendo acusado de um assassinato e condenado a morte, com a jovem correndo contra o tempo para obter um perdão do governador. O final desta história me deixou mais angustiado do que as outras, torcendo e temendo. Eu poderia apostar que um dos motivos para esta ser a minha favorita foi a grande atuação de Mae Marsh.
     Um fato curioso do filme é que apenas os personagens históricos, como Belshazzar, Catarina de Médici, Carlos IX, Jesus, etc, tem nomes. Por exemplo, a personagem de Mae Marsh se chama Queridinha. Além dela temos como exemplos a Garota das Montanhas, a Princesa Amada, o Rapaz, o Mosqueteiro das Favelas, o Mercenário, a Olhos Castanhos.
     Porém a parte mais brilhante do filme é o cenário da Babilônia. Griffith reconstruiu, há cem anos, uma réplica em tamanho real das muralhas da Babilônia. A estrutura era tão grande que uma carruagem poderia andar no alto de sua muralha. O diretor, quase que megalomaníaco neste filme, construiu um salão de 2km para representar a grandiosidade da cidade. Hoje em dia as estruturas da Babilônia se tornaram um grande shopping no coração de Hollywood, ainda preservando toda a temática babilônica. E é impressionante ver aquelas muralhas gigantescas sendo atacadas por milhares de soldados, em uma batalha que parecia ter saído de nossa época moderna, simplesmente impressionante.


     D.W. Griffith tenta a todo custo melhorar sua imagem de racista neste filme após O Nascimento de Uma Nação. Apesar de ter nos presentado com um belo filme, ele força muito a mensagem de combate a Intolerância, a ponto de tornar óbvio que faz aquilo apenas para a opinião pública, sem realmente concordar com a mensagem do filme.



NOTA: 8,5/10. Eu pensei muito antes de dar esta nota. Se eu considerasse apenas as história da Babilônia e a da modernidade teria dado um 10, mas como o filme é um conjunto das quatro histórias, precisei descontar. Na verdade eu estava a ponto de dar um 8, porém os últimos 30 minutos são simplesmente perfeitos, quando as épocas passam a se intercalar sem avisos e todo o clímax de três história emociona.

CURIOSIDADES:

Lilian Gish interpreta uma mulher sentada que balança um berço durante a transferência de uma época para a outra. Seu papel mais desafiador, tenho certeza.

Apenas para a cena do bacanal na Babilônia, Griffith gastou o dobro do que em todo o filme de O Nascimento de Uma Nação. E este havia sido um recorde de gasto até a época. Ou seja, Griffith gastou o equivalente a dois filmes recordes de gastos em uma única cena.

O filme teve um orçamente de 2 milhões de dólares. Extremamente impensável para a época.

O filme foi um fracasso de bilheteria porque o público da época não conseguia acompanhar 4 história diferentes ao mesmo tempo.

Primeiro filme a mostrar uma cena de beijo entre homens. (Entre o Príncipe Belshazzar e seu amigo)

PRÓXIMO: O Gabinete do Dr. Caligari... o primeiro filme de terror da lista.

Link para o filme completo no YouTube:




quarta-feira, 26 de outubro de 2016

#4 - Os Vampiros (1915)



Título: Les Vampires
Duração: 420 minutos
Dirigido por: Louis Feuillade
Escrito por: Louis Feuillade
Produzido por: Gaumont
Estrelado por: Musidora, Édouard Mathé, Marcel Lévesque, Jean Aymé, Louis Leubas, Fernand Herrman
IMDB: 6,8
Rotten Tomatoes: 100%

     Minhas expectativas ao ver que o próxima filme da lista tinha quase 7 horas de duração, em preto e branco e mudo, eram extremamente baixas. Mas devo confessar que após cindo dias, vendo 2 episódios do filme por dia, minha impressão foi de que ele superou minhas expectativas.
    Esta clássica obra de Feuillade é dividida em 10 episódios, cada um com uma história "semi-independente". Os Vampiros se destaca para o uso de tonalidades para demarcar os diferentes ambientes que a cena acontece, os tons variavam entre azul, verde e outras cores dependendo se a ação acontecia de dia, a noite, dentro de casa, ao ar livre, etc (um tom vermelho era usado exclusivamente para as cenas no Cabaré).
     Mas o real grande destaque deste filme é a atriz Musidora. A ex-acrobata interpretou Irma Vep, uma das integrantes dos Vampiros, e interpretou seu personagem com uma emoção impressionante, sem contar que ela própria realizou todas as acrobacias de sua personagem, sem necessidade de dublê.


     O segundo destaque do filme é o personagem Mazamette, um alivio cômico para o filme, ganhando grande importância a partir do episódio 6, quando começa a ser o responsável por desvendar e localizar os Vampiros em quase todas as oportunidades. Destaque também para o filho de Mazamette, o jovem Eustache, que apareceu apenas no episódio 8 e conseguiu ser ainda mais engraçado que seu pai.
     O filme, em seu contexto geral, conta a história de um grupo de ladrões que assola Paris chamado Os Vampiros. O grupo é investigado pelo repórter Philipe Guérande (que apesar de ser o "principal" do filme, acaba perdendo o foco para a Irma Vep e para Mazamette devido a pouca emoção que Mathé empresta a seu personagem) e seu amigo Oscar-Cloud Mazamette. Com o passar dos episódios o Grande Vampiro vai sendo preso ou morto e outro assumindo em seu lugar, com Irma Vep continuando a ser a fiel escudeira de todos eles.
     Sem grande aprofundamento, Os Vampiros é uma obra focada apenas em entreter , com perseguições, fugas inesperadas, reviravoltas a todo o momento e muita ação. Vários clichês do gênero foram iniciados neste filme (como por exemplo o vilão preso se fingir de morto para escapar da prisão).
     O filme, apesar da qualidade, peca pela grande duração. Mesmo tendo assistido em partes divididas, parecia que ele nunca terminaria. Se ele tivesse apenas 3, ou mesmo 4 horas, teria me agradado muito mais.

NOTA: 7/10. Tenho certeza que estou dando este 7 principalmente pelo fato de que minhas expectativas eram muitos baixas, além é claro da presença da atriz Musidora e de Mazamette. Talvez se Irma Vep tivesse sido interpretada por outra, o filme sequer estaria nesta lista.



CURIOSIDADES:

Considerado por alguns o primeiro seriado da história.

Um dos filmes mais longos já produzido.

Foi duramente criticado na época de seu lançamento, com os críticos dizendo que faltava a este o "conteúdo" que O Nascimento de Uma Nação continha. (Discordo totalmente, minha opinião sobre O Nascimento de Uma Nação é muito negativa)

Em 1996 o diretor francês Olivier Assayas gravou o filme "Irma Vep", fortemente inspirado neste, como se nota pelo próprio nome do filme.

PRÓXIMO: Intolerância... uma tentativa de D. W. Griffith responder as criticas de O Nascimento de Uma Nação e se "redimir".

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

#3 - O Nascimento de uma Nação (1915)



Título: The Birth of a Nation
Duração: 190 minutos
Dirigido por: D.W. Griffith
Escrito por: D.W. Griffith, Frank E. Woods
Estrelado por: Lilian Gish, Mae Marsh, Henry B. Walthall, Miriam Cooper, Ralph Lewis, George Siegmann
IMDB: 6,8
Rotten Tomatoes: 100%

     Primeiramente vou confessar que vi este filme no ano passado, e não irei revê-lo para esta crítica. O filme é sem dúvidas grandioso, mas ele se arrasta lentamente durante toda a sua longa duração, sem contar o evidente racismo que contorna toda a história.
     O filme conta a história de duas famílias, os Stoneman e os Cameron. Os Stoneman são nortistas e abolicionistas, enquanto que os Cameron são uma tradicional família sulista e escravagista.
     Na primeira parte do filme é abordado o pré-Guerra-Civil e a Guerra em si. Primeiramente os irmãos Stonesman vão visitar os Cameron no Sul. Lá um dos Stoneman se apaixona por uma filha dos Cameron, enquanto que Ben Cameron se apaixona por um retrato de Elsie Stoneman. Durante a Guerra as famílias lutam em lados opostos e ambas sofrem várias mortes. No fim desta parte é mostrado o assassinato do Presidente Lincoln.
     A Segunda parte do filme nos mostra o Período da Reconstrução, pintado aqui de uma forma extremamente racista. No decorrer da segunda parte Silas Lynch, um negro, é mostrado como um louco sanguinário, e um enviado do agora poderoso Austin Stoneman para administrar a Reconstrução do Sul. O filme apresenta a visão de que com a liberdade os negros enlouqueceram e viviam como animais. Uma das cenas mais famosas é de um negro perseguindo Flora Cameron, que acaba em sua morte. O filme é polêmico hoje em dia (e até mesmo na época em que foi lançado) por exaltar a Ku Klux Klan, mostrando ela como a única coisa capaz de salvar a sociedade civilizada dos negros. Esta visão heroica da KKK é levada até o final. Evitarei dar spoilers sobre o final dos filmes neste blog, mas uma das cenas do final "feliz" de O Nascimento de Uma Nação é a KKK impedindo os negros de votarem.
     Como pontos positivos devo destacar a ótima atuação de Lilian Gish (que veremos em muitos outros filmes de D.W. Griffith)  e a grande inovação que ele trouxe. Não é por menos que D.W. Griffith é considerado o pai da Hollywood moderna.


NOTA: 2/10. Não poderia dar mais do que 2 para este filme, e dou esta nota apenas por Lilian Gish e pela inovação de que já comentei.

CURIOSIDADES:

Foi o filme mais caro produzido até então, com orçamento de 110.000$. Ele arrecadou 3.000.000$.

Foi o primeiro filme transmitido na Casa Branca.

Por sua mensagem racista, sua exibição não foi permitida em Los Angeles e Chicago (e mesmo sem esses importantes mercados foi um grande sucesso de bilheteria).

D.W. Griffith ficou realmente surpreso por seu filme ser considerado racista e não via nenhuma ofensa nele.

Considerado o 7° dos filmes mais controversos de todos os tempos.

A maioria dos negros era interpretada por atores brancos. Um cuidado especial era feito para que nenhuma mulher branca contracenasse com atores pretos.

O filme está disponível no YouTube e é encontrado facilmente na internet para download.

PRÓXIMO: Os Vampiros. 6 horas de filme mudo que sequer comecei a ver, próxima atualização talvez demore :v

#2 - O Grande Roubo do Trem (1903)


Título: The Great Train Robbery
Duração: 11 minutos
Dirigido por: Edwin S. Porter
Escrito por: Edwin S. Porter, Scott Marble
Estrelado por: A. C. Abadie, Broncho Billy Anderson, George Barnes, Walter Cameron, Marrie Murray
IMDB: 7,3
Rotten Tomatoes: 100%

     Como em Viagem à Lua, o Grande Roubo do Trem tem um valor histórico indiscutível, assim como é de uma inovação inegável para a época. Lançado um ano após o filme de Méliès, este traz um grande número de novidades técnicas.
     O filme conta a história de assaltantes que roubam um trem. Ele é considerado um dos primeiros blockbusters do cinema, tendo sido imensamente popular.
     Ele também apresenta algumas cenas memoráveis, como a do salão de dança, que serve como alívio cômico, e uma perseguição sobre cavalos. A mais clássica cena do filme é, porém, a cena final. Em uma cena extra adicionada, um dos bandidos mira para a câmera e atira diretamente contra o público. É contado que aqueles que assistiam o filme gritavam achando que seriam atingidos.



NOTA: 6/10. Considero este filme mais agradável que o de Méliès, o tempo pareceu correr rapidamente com ele. Ele tem muito mais ação nele (sendo considerado o primeiro filme de ação). Além claro do valor histórico de assisti-lo.

CURIOSIDADES:

Considerado o primeiro faroeste da história. E o primeiro filme de ação também.

A produção do filme custou 150$ para ser feito.

A cena final com o tiro em direção a câmera foi reproduzido em muitos filmes subsequentes, o mais famoso sendo Os Bons Companheiros de Martin Scorsese, em que o personagem de Joe Pesci repete a clássica cena.

PRÓXIMO: O Nascimento de Uma Nação, o polêmico, racista e longo filme que nos apresentará D. W. Griffith.

Vou colocar aqui o link para quem quiser ver este curto e histórico filme. Aproveitem! (Lembrando que Viagem à Lua também é facilmente encontrado no YouTube)

O Grande Roubo do Trem - Filme Completo

#1 - Viagem à Lua (1902)



Título: Le Voyage Dans La Lune
Duração: 14 minutos
Dirigido por: George Méliès
Escrito por: George Méliès
Estrelado por: George Méliès, Bleuette Bernon, François Lallement, Henri Delannoy
IMDB: 8,2
Rotten Tomatoes: 100%

     Este filme de 114 anos tem um valor histórico inegável. Considerada a obra-prima de George Méliès (apesar do próprio não concordar com isto), Viagem à Lua vêm de uma época em que este filme de 14 minutos era considerado extenso. Os modos teatrais de Méliès são muito visíveis aqui.
     Toda a ideia do filme é tão irreal para nós, mas para aqueles que assistiam as cenas naquela época, pareceriam deslumbrantes. Viajar a Lua na bala de um canhão, caminhar pela Lua usando apenas chapéu e guarda-chuva, e, por fim,  voltar a Terra apenas "puxando" a bala do canhão por um penhasco e caindo no mar, como se a Terra fosse verticalmente abaixo da Lua.
     O ineditismo de todas essas cenas, levando em conta a época em que foi feito, torna indispensável assistir este filme, ainda mais pelo fato de ele ter a duração de apenas 14 minutos e ser facilmente encontrado na internet.

NOTA: 5/10. Darei a nota baseado em quanto o filme me agradou, não apenas em quesitos técnicos. Dou 5 para este filme devido apenas ao seu valor histórico e ineditismo, não podendo dar mais devido a não ter apreciado o filme, fazendo com que, para mim, aqueles 14 minutos demorassem mais de meia hora.

CURIOSIDADES:

O primeiro filme de ficção científica conhecido.

A imagem da bala de canhão no olho da lua é considerada uma das mais icônica da história do cinema.

O filme demorou 3 meses para ser totalmente feito.

Em 2002 foi descoberto uma versão do filme em cores, pintada a mão na época original. Ela foi restaurada e exibida em Cannes em 2011. Tanto a versão original em preto e branco quanto a restaurada com cor estão disponíveis no Youtube.

O filme foi baseado na obra de Júlio Verne "Da Terra à Lua" e "À Roda da Lua".


Projeto 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer


     Eu tomei conhecimento desta lista de filmes no inicio do ano passado, e desde então venho assistindo um ou outro filme da lista irregularmente e esporadicamente. Ontem estava a completar 9,9% da lista completa quando tive uma ideia (emprestada de alguns blogs estrangeiros), de assistir a todos os filmes cronologicamente e criar um blog sobre isto.
    Como já mencionei anteriormente, já assisti 9,9% dos filmes da lista, a maioria deles aqueles maiores clássicos (como E o Vento Levou, Casablanca, O Poderoso Chefão, O Senhor dos Anéis, etc, aqueles filmes que uma grande parte das pessoas já assistiu) e alguns poucos filmes que assisti apenas porque estavam na lista (como O Nascimento de Uma Nação, o filme #3). Pretendo rever a maioria desses filmes quando chegar a sua vez de ser comentado.
     Para os interessados em me acompanhar nessa jornada, deixarei no fim desta "introdução" o link para a lista que sigo, que contei na verdade 1243 filmes (os 1001 filmes originais, além de todos os filmes adicionados nas versões atualizadas de cada ano + os filmes adicionados nas versões traduzidas do livro para alguns países).
     Para aqueles que derem uma olhada na lista verão que seus primeiros 40 ou mais títulos são em sua maioria mudos e preto e branco, além de serem muito difíceis de encontrar. Tentarei assistir todos os filmes da lista, mas neste inicio é possível que eu tenha que pular um ou outro devido a não estar disponível na internet.
    Concluindo, agradeço a todos que forem ler e convido todos a me acompanhar neste Projeto!