sábado, 29 de outubro de 2016

#5 - Intolerância (1916)

Título: Intolerance: Love's Struggle Throughout the Ages
Duração: 163 minutos
Dirigido por: D.W. Griffith
Escrito por: D.W. Griffith
Produzido por: D.W. Griffith
Estrelado por: Lilian Gish, Mae Marsh, Robert Harron, Constance Talmadge, Alfred Paget, Seena Owen, Margery Wilson, Eugene Pallette, Howard Gaye
IMDB: 8,0
Rotten Tomatoes: 97%


     Tenho tantas coisas sobre este filme para falar que nem sei por onde começar.
     Intolerância é, assim como o Nascimento de Uma Nação, outro épico de quase 3 horas dirigido por D.W. Griffith. Porém, ao contrário do anterior, este consegue ser muito mais grandioso e agradável. Intolerância se divide em 4 história diferentes com o tema "intolerância", que se alternam durante o filme. Irei comentar brevemente sobre cada uma delas, começando pela menos interessante.
     A história menos interessante, e também a mais curta, é a sobre Jesus. Esta história consiste apenas em quatro ou cinco cenas contando famosas passagens da história do Novo Testamento, como a crucificação e o apedrejamento da adúltera "atire a primeira pedra aquele que nunca pecou". Em minha opinião esta história se mostrou desnecessária e não deveria ter sido incluído, já que mal foi trabalhada.
     A segunda menos interessante foi a história que se passou durante o Massacre de São Bartolomeu, na França do século XVI. Acredito porém que esta história peca apenas pelo seu pouco tempo de tela, pois tinha um grande potencial. A história mostrava a ambiciosa rainha Catarina de Médici tentando convencer seu filho Carlos IX a assinar a ordem de assassinar todos os Huguenotes (protestantes) de Paris. Mostra também o romance entre um soldado católico e uma jovem huguenote, que ficam noivos pouco antes do Massacre, enquanto que um mercenário se apaixona pela jovem noiva. O final da história é emocionante, e se tivesse tido mais tempo de tela poderia estar em pé de igualdade com as duas melhores histórias do filme.
     A história que traz as mais belas cenas do filme (e quase ser a minha favorita) é a história da Babilônia. Esta mostra a paixão de uma jovem masculinizada que não quer se casar pelo Príncipe Belshazzar, apesar de o príncipe estar perdidamente apaixonado por uma de suas esposas/concubinas. O Príncipe se torna um fiel de uma nova deusa, e o sacerdote de Bel, antes poderoso, trai a sua cidade para ajudar Ciro, o Persa, a atacar e conquistar. As cenas das batalhas são impressionantes e poderiam ter sido feitas ano passado se tivessem cores. Falarei mais sobre o cenário da Babilônia em breve.
     A última história fala de uma jovem grávida cujo marido é preso injustamente. Ela então tem um filho e cuida do jovem bebê sozinha, até que um grupo de carolas moralistas retiram o seu filho em uma emocionante cena. Após o seu marido ser solto, as coisas se complicam e ele acaba sendo acusado de um assassinato e condenado a morte, com a jovem correndo contra o tempo para obter um perdão do governador. O final desta história me deixou mais angustiado do que as outras, torcendo e temendo. Eu poderia apostar que um dos motivos para esta ser a minha favorita foi a grande atuação de Mae Marsh.
     Um fato curioso do filme é que apenas os personagens históricos, como Belshazzar, Catarina de Médici, Carlos IX, Jesus, etc, tem nomes. Por exemplo, a personagem de Mae Marsh se chama Queridinha. Além dela temos como exemplos a Garota das Montanhas, a Princesa Amada, o Rapaz, o Mosqueteiro das Favelas, o Mercenário, a Olhos Castanhos.
     Porém a parte mais brilhante do filme é o cenário da Babilônia. Griffith reconstruiu, há cem anos, uma réplica em tamanho real das muralhas da Babilônia. A estrutura era tão grande que uma carruagem poderia andar no alto de sua muralha. O diretor, quase que megalomaníaco neste filme, construiu um salão de 2km para representar a grandiosidade da cidade. Hoje em dia as estruturas da Babilônia se tornaram um grande shopping no coração de Hollywood, ainda preservando toda a temática babilônica. E é impressionante ver aquelas muralhas gigantescas sendo atacadas por milhares de soldados, em uma batalha que parecia ter saído de nossa época moderna, simplesmente impressionante.


     D.W. Griffith tenta a todo custo melhorar sua imagem de racista neste filme após O Nascimento de Uma Nação. Apesar de ter nos presentado com um belo filme, ele força muito a mensagem de combate a Intolerância, a ponto de tornar óbvio que faz aquilo apenas para a opinião pública, sem realmente concordar com a mensagem do filme.



NOTA: 8,5/10. Eu pensei muito antes de dar esta nota. Se eu considerasse apenas as história da Babilônia e a da modernidade teria dado um 10, mas como o filme é um conjunto das quatro histórias, precisei descontar. Na verdade eu estava a ponto de dar um 8, porém os últimos 30 minutos são simplesmente perfeitos, quando as épocas passam a se intercalar sem avisos e todo o clímax de três história emociona.

CURIOSIDADES:

Lilian Gish interpreta uma mulher sentada que balança um berço durante a transferência de uma época para a outra. Seu papel mais desafiador, tenho certeza.

Apenas para a cena do bacanal na Babilônia, Griffith gastou o dobro do que em todo o filme de O Nascimento de Uma Nação. E este havia sido um recorde de gasto até a época. Ou seja, Griffith gastou o equivalente a dois filmes recordes de gastos em uma única cena.

O filme teve um orçamente de 2 milhões de dólares. Extremamente impensável para a época.

O filme foi um fracasso de bilheteria porque o público da época não conseguia acompanhar 4 história diferentes ao mesmo tempo.

Primeiro filme a mostrar uma cena de beijo entre homens. (Entre o Príncipe Belshazzar e seu amigo)

PRÓXIMO: O Gabinete do Dr. Caligari... o primeiro filme de terror da lista.

Link para o filme completo no YouTube:




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