domingo, 18 de dezembro de 2016

#19 - A Roda (1923)

Título: La Roue
Duração: 273 minutos
Dirigido por: Abel Gance
Escrito por: Abel Gance
Produzido por: Abel Gance, Charles Pathé
Estrelado por: Séverin-Mars, Ivy Close, Gabriel de Gravone, Pierre Magnier, Georges Térof
IMDB: 7,6
Rotten Tomatoes: 80%


     Durante mais de 4 horas acompanhei este ótimo filme de Abel Gance, que em cada uma de suas sequências nos mostrava a Roda girando, a vida girando. Uma história trágica, mitológica, humana e profunda, a Roda é inegavelmente um filme que mexe com nossos sentimentos e se entranha em nossos pensamentos.
     Tudo começa com uma magnifica cena de um acidente de trem, onde um viúvo maquinista resgata uma jovem criança e a leva para casa, onde coloca-a no mesmo berço de seu filho, da mesma idade. O tempo passa e ambos crescem achando que são irmãos. Porém tudo se complicou nesta família depois que Sisif, o maquinista, agora vive bêbado.
     O motivo para isto? Ele está apaixonado por Norma, sua "filha". Ele obviamente se esforça para retrair seus sentimentos, tentando cada vez mais se afastar dela. Ao mesmo tempo os "irmãos" Norma e Elie também estão ambos apaixonados, mas não comentam o assunto ou permitem que está ideia aflore, por serem, afinal, irmãos.
     Um rico homem de Paris, Jacques de Hersan, é apaixonado por Norma e vive pedindo-a em casamento, sem sucesso. Sisif acaba contando tudo para Hersan e este decide que o melhor para sua amada é que ela se afaste de seu pai. Ele por fim convence Norma a se casar com ele e ambos se mudam para Paris.
     Neste momento do filme eu estava triste e com pena dos quatro, todos pareciam estar infelizes. Hersan fazia de tudo para agradar sua esposa amada e era ignorado, Norma morria de saudades de seu irmão e de seu pai, Elie se corroía pela saudade e pelo sentimento que considerava errado, e Sisif se entregava cada vez mais na bebida.
     Mas como antes de começar a subir, a Roda deve descer ainda mais, um acidente acontece e Sisif vai pouco a pouco perdendo a visão. Elie descobre que não é irmão verdadeiro de Norma e envia uma carta para ela. Hersan lê a carta antes de sua esposa e, louco de ciúmes, vai em busca de Elie. Em uma cena memorável e intensa o marido e o irmão de Norma lutam ao lado de um grande penhasco, enquanto que Norma e o quase cego Sisif buscam ambos em meio a neve. No fim o mais trágico dos finais: tanto Elie quanto Hersan morrem. E neste momento ainda falta 1 hora para o final do filme.
     Não irei contar mais além desta parte, não quero estragar os últimos prazeres deste filme para vocês. Tenho apenas que destacar uma cena, onde Sisif carrega uma cruz em honra de seu filho durante uma nevasca. Impressionante, tocante, marcante.
     Sobre as atuações, as mais interessante foram a de Séverin-Mars como Sisif e Ivy Close como Norma. Ambos conseguiam expressar o sentimento e a dor que seus papéis pediam, e sem eles este dramalhão beirando ao incesto não seria o clássico que é hoje.

NOTA: 9/10. Fiquei extremamente tentado a dar um 9,5, mas levei em conta que os primeiros 50 minutos do filme (tirando a cena do trem) foram bastante parados. De qualquer modo, continua sendo um filme brilhante e lindo. Assistam, não se intimidem com a idade ou com o tamanho!

CURIOSIDADES:

9 horas de filme foram gravadas para Gance retirar as 4 horas e meia que usaria na versão final.

Abel Gance teve a ideia do filme no dia em que sua esposa Marguerite Davis foi diagnosticada com tuberculose. Gance acabou de editar o filme em 9 de Abril de 1924, poucas horas depois da morte de Davis.

CITAÇÕES:

"Sisif had to catch his breath. His heart was pounding like a racing connecting rod, while the twilight trains grew blurred in the phantasmagoric mist"

"And they are all bound upon the Wheel - - - bound from life after life!"

PRÓXIMO: O Ladrão de Bagdá...uma aventura baseada nos contos das mil e uma noites (e estrelado por Douglas Fairbanks).

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