terça-feira, 31 de janeiro de 2017

#31 - Aurora (1927)

Título: Sunrise: A Song of Two Humans
Duração: 95 minutos
Dirigido por: F.W. Murnau
Escrito por: Carl Mayer
Produzido por: William Fox
Estrelado por: George O'Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston
IMDB: 8,3
Rotten Tomatoes: 98%

     Aurora é um dos melhores, mais doces e mais tocantes filmes que eu já vi na vida. Murnau consegue produzir uma obra extremamente simples, mas que nos transmite um sentimento complexo como em poucos filmes já observei. Este filme é uma obra prima.
     O roteiro do filme se desenvolve rápido e é simples: um casal do campo têm sua vida perturbada quando uma mulher da cidade chega e se torna amante do homem. Completamente apaixonado, ele se dispõe a fazer tudo. A amante sugere então que eles se mudem para a cidade, e para isso diz que a esposa deverá morrer afogada. Com o homem ainda chocado, ela monta um plano.
     O homem está consternado a cumprir o plano de matar sua esposa. Ele a convida para um passeio de barco, e então ela se arruma e desabrocha de felicidade, e com uma cara amarrada começa a remar para o meio do lago. Mas no momento de derrubá-la do barco, ele vacila. Ela horrorizada se encolhe de medo. O homem arrependido rema até a costa. A mulher sai correndo e ele a persegue pedindo desculpas. Ambos acabam entrando em um ônibus e viajando até a cidade grande.
     As cenas que se seguem são absolutamente doces, fofas e comoventes. Nós presenciamos diante de nossos olhos o renascer de um amor. Um amor inocente, puro, honesto (características estas que a bela atuação de Janet Gaynor apenas acentua). Assistir aquele casal que há poucos minutos estava prestes a se matar tirar uma foto juntos, ir no salão de beleza ou correr atrás de um filhote de porco no meio de uma festa, é impagável. Cada cena vai nos enchendo o coração. Ouso dizer que este filme nos traz uma felicidade interior.
     Não darei detalhes, mas esta felicidade simplesmente se rompe perto do fim do filme. É como se um sonho feliz fosse substituído por um horrendo pesadelo. Difícil segurar as ansiosas lágrimas. Assistam o filme, é provavelmente o melhor da lista até agora.

NOTA: 10/10. O segundo filme nota 10 seguido. Apesar disso este se mostra ainda melhor que o anterior.

CURIOSIDADES:

O único filme a ganhar o Óscar na categoria "Unique and Artistic Picture". A categoria apareceu apenas na 1° edição da premiação (1929). A categoria é considerada hoje como um 2° prêmio de Melhor Filme daquela edição.

O primeiro filme mudo a ser lançado em Blu-Ray (2009).

O 82° Melhor Filme pela AFI.

O 5° Melhor Filme pela pesquisa Sight & Sound


CITAÇÕES:

"This song of the Man and his Wife is of no place and every place; you might hear it anywhere, at any time.
For wherever the sun rises and sets, in the city's turmoil or under the open sky on the farm, life is much the same; sometimes bitter, sometimes sweet. "

PRÓXIMO: A General... o próximo filme do nosso conhecido gênio da comédia Buster Keaton.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

#30 - Metrópolis (1927)

Título: Metropolis
Duração: 153 minutos
Dirigido por: Fritz Lang
Escrito por: Thea von Harbour, Fritz Lang
Produzido por: Erich Pommer
Estrelado por: Gustav Frölich, Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge, Heinrich George, Theodor Loss, Fritz Rasp, Erwin Biswanger
IMDB: 8,3
Rotten Tomatoes: 99%


     Metrópolis é um clássico em todos os sentidos, merecendo com toda a pompa e circunstância a sua fama. Fritz Lang é um gênio e nos prova isso ainda mais neste filme. O filme síntese de toda uma luta de classes misturado com a visão do futuro que existia na década de trinta, recheando o mundo de máquinas, cidades tecnológicas e robôs. Um filme sem dúvidas tão atual quanto naquela época, arriscando-me a dizer que ainda mais pertinente hoje em dia.
     A premissa do filme é que existe uma grande, tecnológica e luxuosa cidade chamada Metrópolis. Os esclarecidos que a fundaram hoje vivem na comodidade de grandes prédios, Os seus filhos passam o dia no Jardim dos Filhos jogando tênis e as noites nas incontáveis festas pela cidade, enchendo as ruas de dançarinas, bebidas e folia. Uma parte desses filhos nem imagina o como  a cidade é mantida, em seus subterrâneos. Lá vivem centenas de trabalhadores, que sem descanso operam as máquinas para manter o luxo de Metrópolis funcionando. Sem cuidado, sem educação, sem o menor respeito, eles vivem abaixo da cidade cuja existência é garantida apenas por eles.
     O jovem Freder, filho do criado e líder de Metrópolis Jon Fredersen, está em mais um dia normal no Jardim dos Filhos. E então duas grandes portas se abrem. De lá entra a jovem Maria e dezenas de crianças em volta delas. Todos olham assustados, são filhos do trabalhadores do subterrâneo. Ela diz as jovens crianças "olhem, esses são seus irmãos, são como vocês". Essa estranha e verdadeira mensagem toca no coração de Freder. Nascido e cercado no luxo, ele precisa entender o que aquelas crianças vivem. Enquanto Maria e os outros são expulsos do Jardim, Freder segue pelas portas em direção ao Subterrâneo.
     No Subterrâneo ele vê com os próprios olhos explosões vitimando trabalhadores, ele vê homens desmaiando com o peso do trabalho, ele vê a pobreza e a injustiça. Ele imediatamente corre desesperadamente de volta a Metpolis em direção ao escritório de seu pai. Ele então desabafa, conta tudo o que viu a seu pai. Jon Fredersen obviamente conhece toda a situação precária dos trabalhadores, ele afinal é o culpado por ela.
     Mais tarde naquele dia Freder entra nos Subterrâneos e troca de lugar com Georgy, um trabalhador. Enquanto que um passa uma inédita noite curtindo as festas de Metrópolis, o outro sofre trabalhando nas máquinas. Na hora da troca do turno, ele segue os outros em direção a uma caverna. Lá ele vê Maria. A jovem mulher, considerada uma santa pelos trabalhadores, usa seu discurso para impedir que eles se revoltem violentamente contra a cidade, ela prega a vinda do "Coração". O Coração irá ligar o Cérebro e as Mãos (os poderosos de Metrópolis e os trabalhadores que mantinham a cidade viva). Freder logo se identifica como o Coração procurado por Maria.
     Enquanto estes fatos acontecem, Jon Fredersen procura o louco cientista Rotwang. Movido por vingança pessoal, Rotwang deseja destruir Fredersen e toda a cidade, mas finge aceitar a ajuda-lo. Os dois assim por meio de uma passagem o discurso de Maria. Fredersen pede para o cientista construir um robô exatamente igual a jovem. Rotwang descobre também, mas sem contar para seu inimigo, que Freder é o Coração.
     O filme se torna mais movimentado depois que a clone de Maria já está pronta e trabalha como uma luxuriosa dançarina, seduzindo os homens mais ricos de Metrópolis. Ela representa a grande maldição, a Babilônia de Metrópolis. Maria se encontra presa na casa de Rotwang e a sua cópia discursa para os trabalhadores incitando-os para a rebelião violenta. Não irei detalhar o roteiro a partir daqui, mas saibam que as sequências finais são maravilhosas.
     O filme também é interessante pelo sentido de contraste criado entre o futuro e o mundo medieval. Temos um robô sendo queimado na fogueira como bruxa, um cientista maluco que é um alquimista, um elemento religioso que controla os trabalhadores em sua ignorância, etc. Outro ponto fortemente interessante a se destacar é a brilhante interpretação de Brigitte Helm, em momento como a santa e pura Maria, em outros como a femme fatale que é sua clone. Rudolf Klein-Rogge nos entrega também uma intrigante e maravilhosa atuação como Rotwang, nos fazendo lembrar de seu inesquecível Dr. Mabuse. A atuação de Alfed Abel é também memorável, sem fazer as caras e bocas do cinema mudo, ele consegue mesmo assim nos transmitir as emoções de seu personagem (fato decisivo para no advento do cinema falado ele ser um dos poucos atores que mantiveram sua relevância).

NOTA: 10/10. Sim, a nota 10 finalmente apareceu. O melhor filme da lista até agora, provavelmente.  Um filme que pode ser visto e sentido de diferente formas, todas impressionantes e tocantes e humanas.

CURIOSIDADES:

O filme incluiu 37 mil figurantes. 310 dias foram levados para gravar todas as cenas.

Por décadas a única cópia sobrevivente de Metrópolis foi a versão editada para lançamento de 118 minutos.  Recentemente uma cópia quase que completa foi encontrada e uma versão de 148 minutos foi disponibilizada. Esta versão é considerada a mais completa existente e, provavelmente, a mais completa que nunca existirá. 5 minutos do filme original estão completamente perdidos.

A forma original do robô inspirou o C-3PO de Star Wars.

Um dos filmes mais caros da época a ser feito.

Thea von Harbou, esposa de Fritz Lang e roteirista do filme, era uma grande entusiasta de Hitler e do Nazista. Na realidade Hitler e os principais nazistas tinham neste filme o seu preferido. Fritz Lang era judeu e um crítico do regime, mas devido ao Führer ser seu fã, concedeu ao diretor passagem livre para sair da Alemanha sem qualquer problema.

O prelúdio do filme tem a duração de 1 hora.

CITAÇÕES:

" HEAD and HANDS need a mediator. THE MEDIATOR BETWEEN HEAD AND HANDS MUST BE THE HEART!"

"Your magnificant city, Father - and you the brain of this city - and all of us in the city's light - - and where are the people, father, whose hands built your city?"

"Look! These are your brothers! Look - ! These are your brothers! "

"What if one day those in the depths rise up against you?"

"-Oh mediator, have you finally come?
-You called me - - here I am!"

"To the new Tower of Babel - to my father!"

"Deep below - the earth's surface - lay the worker's city."

PRÓXIMO: Aurora...um clássico de Murnau, considerado um dos filmes mais tocantes já feitos e um dos dois vencedores do 1° Óscar de Melhor Filme (sim, existiam duas categorias de melhor filme na época).

domingo, 22 de janeiro de 2017

#29 -O Grande Desfile (1925)

Título: The Big Parade
Duração: 151 minutos
Dirigido por: King Vidor
Escrito por: Harry Behn
Produzido por: Irving Thalberg
Estrelado por: John Gilbert, Renée Adorée, Karl Dane, Tom O'Brien, Hobart Bosworth, Claire McDowell, Claire Adams
IMDB: 8,3
Rotten Tomatoes: 100%


     O primeiro filme de King Vidor da lista nos apresenta uma brilhante mistura de romance com uma forte mensagem anti-guerra. O filme brilha ao ir pouco a pouco criando um sentimento agradável, um clima de camaradagem e amor, com uma paisagem bonita, um romance meloso, amigos engraçados...e então chega a guerra. E a guerra quebra tudo.
     No inicio do filme somos apresentados a James Apperson, um rico e mimado jovem que é pego de surpresa com o inicio da 1° Guerra Mundial. Acusado pelo pai de ser um inútil, James se alista no exército.
     Já na França, em uma pequena vila, James se enturma com os outros soldados, principalmente Slim e Bull. O jovem soldado também conhece Melisande, uma francesa. Os dois se apaixonam e logo inicia um romance, com uma clara dificuldade: um não entende uma palavra do que o outro diz. E enquanto vemos aquele fofinho romance, feito a partir de gestos e um pequeno dicionário inglês-francês, vamos vendo James e seus amigos ficarem mais próximos, e então... chega a mensagem chamando as tropas para o front.
     A cena em que Melisande corre por entre os caminhões partindo para a guerra em busca de James é linda. Quando os dois se encontram o beijo deles nos transmite a, mensagem de que tudo vai dar certo, uma mensagem infelizmente falsa.
     Este filme não tenta glorificar a guerra ou algo assim. Este filme mostra a guerra como ela, cheia de mortes e despertando o pior do ser humano, trazendo apenas consequência horríveis. As cenas de batalha são fortes e marcantes. As mortes que vemos ali doem ainda mais porque durante mais de meio filme acompanhamos a crescente amizade deles. Mas pensamos conosco: "pelo menos o nosso herói está bem, logo ele voltará para Melisande".
     Avisando que a partir daqui irei falar em spoilers do fim do filme. Enquanto James se recupera dos ferimentos da batalha ele descobre que a vila de Melisande foi atacada e todos os seus moradores evacuados. Ele sai gritando e buscando por sua amada, sem qualquer sucesso. Sua única alternativa é voltar para a casa. Mas nem tudo acabou ainda. Quando ele chega na casa, com a mãe a ansiosamente lhe esperar, e a câmera vai lentamente mostrando todo ele até nós descobrirmos que lhe falta uma perna. Eu poderia dizer que temos o mesmo sentimento que a mãe dele tem ao ver aquilo. (O filme porém não acaba triste, a última cena aquece nossos corações e quase nos traz lágrimas).

NOTA: 9,5/10.

CURIOSIDADES:

O filme mudo mais lucrativo de todos os tempos, tendo arrecadado 22 milhões de dólares.

Apenas no Teatro Astor, um dos mais famosos da Broadway, o filme arrecadou 1,5 milhões de dólares. Isto foi 6x o preço de toda a produção (245 mil dólares).

Foi a primeira vez que a palavra "Damn" foi usada em um filme.

Ironicamente o filme que mais mostrou a morte de jovens nesta época teve uma grande parte de seu elenco e produção morrendo jovem. John Gilbert morreu aos 38 e Renée Adorée aos 35. O lendário Irving Thalberg morreu aos 37.

CITAÇÕES:

"Orders! Orders! Who the hell is fighting this war - men or orders?"

"Slim, can't you just try to say... good-bye? They got him! They got him! GOD DAMN THEIR SOULS! "

"-C'est vous qui m'a fait rire, n'est ce pas?
-I don't understand a word you say... but I know what you mean. "

"Am I dead yet? "

"There's a girl in France... "

PRÓXIMO: Metrópolis...o primeiro e clássico filme de ficção cientifica de Fritz Lang.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

#28 - Em Busca do Ouro (1925)

Título: The Gold Rush
Duração: 95 minutos
Dirigido por: Charles Chaplin
Escrito por: Charles Chaplin
Produzido por: Charles Chaplin
Estrelado por: Charles Chaplin, Georgia Hale, Mark Swain, Tom Murray
IMDB: 8,2
Rotten Tomatoes: 100%

     Minha primeira experiência com Chaplin na lista foi extremamente refrescante. Os únicos dois filmes dele que já assisti foram na escola, e o ambiente de barulho e conversa devem ter contribuído para eu não ter apreciado a história nem o humor de Chaplin naquele momento. Feliz Em Busca do Ouro veio consertar meus conceitos.
     Um filme inteligente, um filme em certo ponto dramático e retratando tragédias (pessoas com fome, preconceito social, etc), mas que Chaplin consegue tornar uma comédia extremamente divertida.
     A história começa com três homens na neve que acabam presos em uma mesma cabana. Charles Chaplin interpreta o Vagabundo, um pobre coitado de passagem em direção ao vilarejo. Junto dele estão Big Jim McKay, um homem gigante que descobriu uma montanha de ouro e está esperando a nevasca passar para ir até ela. E Black Larsen, um maldoso homem que sai antes do outros e acaba por descobrir a montanha de ouro antes de Big Jim.
     Após a nevasca passar, o Vagabundo segue seu rumo e Big Jim vai até sua montanha, onde encontra Black Larsen e eles lutam, Big Jim acaba por cair no chão e perder a memória. Enquanto isso Chaplin conhece George na casa de dança e se apaixona imediatamente por ela.
     Todas as cenas do filme são engraçadas, não consigo me lembrar de uma única cena em que eu não tenha rido. E todas as piadas são muito bem feitas e administrada, sem ficar forçado.
     No decorrer da história, por coincidência, Georgia e três amiga acabam visitando o Vagabundo em sua casa. A dançarina descobre uma foto sua e uma flor embaixo de seu travesseiro e as quatro mulheres riem da paixão do Vagabundo. Neste momento eu fiquei com extrema tristeza pelo pobre homem. Elas brincam com ele e prometem virem jantar no ano novo com ele.
     Obviamente elas acabam se esquecendo. É tão triste ver a noite passando e Chaplin esperando elas, com uma mesa arrumada e um presente para cada uma. E quando tocam os sinos para a meia noite, ele sai da casa. Georgia acaba se lembrando de sua promessa e vai com sua amigas e um pretendente pregar uma peça no Vagabundo, mas ao chegar e ver a casa vazia e a mesa arrumada, a moça se "humaniza" e vê que agiu errado até aquele momento. Apostaria dizer que ela descobriu que realmente gostava do Vagabundo naquele momento.
     A reviravolta da história é quando Big Jim, ainda sem memória, vem procurar o Vagabundo pedindo sua ajuda para achar a montanha de ouro, lhe prometendo metade de sua futura fortuna. Não contarei muito do filme a partir daí, mas saibam que a melhor cena do filme acontece nesta nova jornada.
     Meu último comentário sobre o filme na verdade são dois. O primeiro é sobre a atuação de Geórgia Hale. Foi linda, foi verdadeira, mas a sua personagem pareceu tão cruel no inicio do filme que eu não conseguia torcer por ela, eu torcia apenas por ele. E o outro é a emocionante cena final, com aquele olhar inseguro por alguns segundos, e então o sorriso começa a surgir, os rostos vão se aproximando, e então aquele beijo tocante e genial e verdadeiro. "This will make a wonderful story".
(Aí esta a cena final do filme, o beijo acontece no último 1 minuto e 20 segundos, mas todo o vídeo é de uma emoção só. Recomendo que vejam apenas aqueles que não se importem com spoilers.)

NOTA: 9,5/10. Acho que já falei tudo acima.

CURIOSIDADES:

O papel principal seria de Lita Gray, de 16 anos, porém Charles Chaplin a engravidou logo antes do inicio da produção e eles tiveram que se casar. Durante a filmagem Charles Chaplin iniciou um caso com Georgia Hale, a substituta de Lita no filme.

Foi reedita em 1942 com o próprio Charles Chaplin narrando os intertítulos.

Considerado pela AFI o 58° melhor filme e o 25° filme mais engraçado de todos os tempos.

Próximo: O Grande Desfile...o primeiro filme de King Vidor da lista, o primeiro clássico anti-guerra. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

#27 - O Encouraçado Potemkin (1925)

Título: Bronenosets Potyomkin
Duração: 75 minutos
Dirigido por: Sergei Eisenstein
Escrito por: Nina Agadzhanova
Produzido por: Jakob Bliokh
Estrelado por: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov, Ivan Bobrov, Mikhail Gomorov
IMDB: 8,0
Rotten Tomatoes: 100%


     Se em A Greve o gênio Sergei Eisenstein nos presenteia com uma direção brilhante, porém com uma história fraca, em Encouraçado Potemkin sua direção está ligada a um roteiro coeso e que nos mantém interessado na história.
     Marinheiros se revoltam sob a "liderança" de Vakulinchuk e tomam o controlem do encouraçado Potemkin. Vakulinchuk é morte durante a revolta e enterrado em Odessa, com a marcante mensagem "morto por um prato de sopa"
.
     Em Odessa ocorre a cena mais marcante do filme (talvez a mais marcante de todo o cinema soviético). A população adere a greve e ruma para as Escadarias de Odessa. E então acontece. Os soldados czaristas descem atirando. Um massacre. Sangue, morte, uma mãe carregando seu filho baleado e então sendo ela própria baleada, um carrinho de bebê é a parte mais representativa da cena, com ele descendo e descendo pela escada, enquanto as mortes acontecem a sua redor.
     Eu não tenho muito mais o que falar sobre o filme, além do óbvio significado dele para todo o cinema comunista, soviético e mundial. É um filme marcante e inesquecível, e com toda a razão. Porém novamente ele tem a mesma desagradável característica de A Greve, sendo o seu personagem principal o povo (Potemkin pelo menos tem a figura de Vakulinchuk, que serve para tampar esse buraco e fazer uma ligação durante a história, o que atenua o "problema").

NOTA: 8,5/10. Um filme bom, e melhora ainda mais se comparado ao filme anterior de Eisenstein.

CURIOSIDADES:

O navio usado nas filmagens não era o original Potemkin, que havia quebrado em 1922. O Encouraçado Doze Apóstolos (Dvenadstat Apostolov) foi usado.

Este foi dito ser o filme favorito de Charles Chaplin.

O filme foi banido em vários países por servir ao propósito de "espalhar o comunismo".

PRÓXIMO: Em Busca do Ouro...o primeiro filme de Chaplin da lista.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

#26 - O Fantasma da Ópera (1925)

Título: The Phantom of The Opera
Duração: 107 minutos
Dirigido por: Rupert Julian
Escrito por: Gaston Leroux (escritor do livro base para o filme, nenhum roteirista creditado)
Produzido por: Carl Laemmle
Estrelado por: Lon Chaney, Mary Philbin, Norman Kerry, Arthur Edmund Carewe
IMDB: 7,7
Rotten Tomatoes: 91%


     O Fantasma da Ópera foi um filme maravilhoso de assistir, mas perigosamente difícil de opinar. Lon Chaney nos entrega um Fantasma impecável, Mary Philbin consegue representar Christine com perfeição. E isso é o que torna o filme tão difícil de opinar, mas primeiro vamos a história.
     Para os que não conhecem a história do Fantasma da Ópera (duvido que muitos nunca a tenham ouvido falar) vou dar um breve resumo. Na Casa de Ópera de Paris um homem desfigurado e misterioso, que usa uma máscara e raramente é visto vive nos subterrâneos. Este Fantasma se apaixona por uma jovem cantora, Christine Daaé, e manda cartas intimidadoras para os donos da Ópera e para as outras atrizes não se apresentarem e o principal papel ser sempre de Daaé.
     E neste momento aparece a minha dúvida. Lon Chaney nos entrega um Fantasma tão bem feito que é impossível odiá-lo ou amá-lo, já Daaé não representa uma mocinha indefesa. Primeiramente a cantora obedece ao seu "mestre", apenas ouvindo a voz dele através das paredes. Ela termina o seu noivado para que seu mestre lhe dê mais fama, ela não se importa quando este derruba um lustre e acaba com a carreira de outra cantora, ela apenas que fama...até que ela entre na passagem pelo espelho e encontra o Fantasma pessoalmente.
     Mesmo com a máscara é uma visão perturbadora. A jovem cantora desiste de se entregar ao Fantasma e apenas forçadamente o acompanha até sua casa no subterrâneo. Como torcer contra o Fantasma e a favor de uma jovem ambiciosa que largou o amor por fama e não se importava em machucar os outros por fama? E apenas por seu mestre ser horrendo ela decidiu que fama não era mais importante?
     Christine acaba por tirar a máscara do Fantasma e vê a horrível face do homem. Ele então permite que ela volte para uma ultima apresentação na Casa de Ópera, no dia do baile de máscara. (Detalhe que a cena do baile de máscara é "colorida"). A única condição é que ela não veja seu antigo noivo. Obviamente ela desrespeita ele. Não contarei mais sobre o enredo a partir daí, pois á última meia hora do filme me deixou extremamente tenso e não estragarei isso para vocês.

NOTA:9,5/10. Atuações impecáveis, história envolvente, cenários lindos, direção competente, não vejo falhas no filme.

CURIOSIDADES:

A reação de Mary Philbim quando retirou a máscara do Fantasma foi real. Ela não fazia a minima ideia de como seria a sua cara.

Lon Cheney criou e imaginou a maquiagem para o Fantasma.

Cheney alega ter ele mesmo dirigido várias cenas do filme, incluindo a famosa cena em que Christine retira sua máscara.

Lon Cheney assustava os outros membros do elenco vestido de Fantasma.

Uma reedição com som foi lançada em 1930. Esta reedição está perdida.

CITAÇÕES:

"-You - You are the Phantom!
-If I am the Phantom, it is because man's hatred has made me so. If I shall be saved, it will be because your love redeems me."

"Christine, tonight I placed the world at your feet!"

"Men once knew me as Erik, but for many years I have lived in these cellars, a nameless legend."

"You are in no peril as long as you do not touch my mask."

PRÓXIMO: O Encouraçado Potemkin...o segundo filme de Eisenstein e sua propagando soviética.

domingo, 8 de janeiro de 2017

#25 - Sete Oportunidades (1925)

Título: Seven Chances
Duração: 56 minutos
Dirigido por: Buster Keaton
Escrito por: Clyde Bruckman, Jean Havez, Joseph A. Mitchell
Produzido por: Joseph M. Schenck, Buster Keaton
Estrelado por: Buster Keaton, T. Roy Barnes, Snitz Edwards, Ruth Dwyer, Frances Raymond
IMDB: 8,0
Rotten Tomatoes: 100%


     Sete Oportunidades é mais uma prova da genialidade de Buster Keaton, nos conseguindo fazer rir por quase todos os momentos do filme. Este filme resgata toda a sensação que tive assistindo Nossa Hospitalidade, e me torna cada vez mais fã de Keaton.
     Com um tom de comédia romântica o filme gira em torno de um jovem a beira da falência que recebe uma grande herança, com uma única condição: se casar até as 19h. Ele então corre para pedir sua namorada em casamento, mas se atrapalhando nas palavras faz com que ela se recuse. Ele tenta arranjar uma noiva no clube, no teatro e pelas ruas. A única aceitar seu pedido foi uma criança, para o riso das mulheres que recusaram-no.
     Por fim seu sócio decide que o melhor a fazer é anunciar o caso no jornal. Quando chega o horário marcado, centenas de noivas (a maioria velhas e feias) estão na igreja para casar com o jovem futuro milionário.
     Enquanto isto acontece, a jovem Mary, namorada do jovem, se arrepende de sua decisão e manda um de seus empregados avisar que estará esperando em sua casa para se casar. O empregado encontra o jovem em busca de casamento apenas no meio de sua fuga das centenas de noivas raivosas. Buster Keaton nos dá então a mais brilhante sequência do filme, em que ele foge das mulheres por construções, lagos e, na sua parte mais memorável, descendo uma montanha junto a enormes pedras.
     Não tenho muito mais a falar do filme além da ótima atuação de Buster Keaton, assim como sua ótima direção. As sequência são memoráveis e a história nos envolve. Apesar disso, considero que a melhor comédia de Keaton até agora continua sendo Nossa Hospitalidade.

NOTA: 9/10. Uma filme agradável e que cumpre o seu papel de nos fazer rir. Direção e atuação de parabéns.

CURIOSIDADES:

A recepcionista do Clube onde Buster Keaton pede várias mulheres em casamentos foi um dos primeiros papéis de Jean Arthur.

Constance Talmadge, irmã da esposa de Keaton, Natalie Talmadge, teve um pequeno papel não creditado. Talmadge já era famosa por seus papéis em Intolerância, sendo uma das estrelas de DW Griffith. Foi um dos últimos filmes de Constance, que se aposentou com a chegada do cinema falado.

CITAÇÕES:

"How many of these girls do you know? You have seven chances. "

"Would you marry me?"

PRÓXIMO: O Fantasma da Ópera... um clássico do cinema mudo representando a chamada adaptação mais fiel do clássico da literatura;