sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

#30 - Metrópolis (1927)

Título: Metropolis
Duração: 153 minutos
Dirigido por: Fritz Lang
Escrito por: Thea von Harbour, Fritz Lang
Produzido por: Erich Pommer
Estrelado por: Gustav Frölich, Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge, Heinrich George, Theodor Loss, Fritz Rasp, Erwin Biswanger
IMDB: 8,3
Rotten Tomatoes: 99%


     Metrópolis é um clássico em todos os sentidos, merecendo com toda a pompa e circunstância a sua fama. Fritz Lang é um gênio e nos prova isso ainda mais neste filme. O filme síntese de toda uma luta de classes misturado com a visão do futuro que existia na década de trinta, recheando o mundo de máquinas, cidades tecnológicas e robôs. Um filme sem dúvidas tão atual quanto naquela época, arriscando-me a dizer que ainda mais pertinente hoje em dia.
     A premissa do filme é que existe uma grande, tecnológica e luxuosa cidade chamada Metrópolis. Os esclarecidos que a fundaram hoje vivem na comodidade de grandes prédios, Os seus filhos passam o dia no Jardim dos Filhos jogando tênis e as noites nas incontáveis festas pela cidade, enchendo as ruas de dançarinas, bebidas e folia. Uma parte desses filhos nem imagina o como  a cidade é mantida, em seus subterrâneos. Lá vivem centenas de trabalhadores, que sem descanso operam as máquinas para manter o luxo de Metrópolis funcionando. Sem cuidado, sem educação, sem o menor respeito, eles vivem abaixo da cidade cuja existência é garantida apenas por eles.
     O jovem Freder, filho do criado e líder de Metrópolis Jon Fredersen, está em mais um dia normal no Jardim dos Filhos. E então duas grandes portas se abrem. De lá entra a jovem Maria e dezenas de crianças em volta delas. Todos olham assustados, são filhos do trabalhadores do subterrâneo. Ela diz as jovens crianças "olhem, esses são seus irmãos, são como vocês". Essa estranha e verdadeira mensagem toca no coração de Freder. Nascido e cercado no luxo, ele precisa entender o que aquelas crianças vivem. Enquanto Maria e os outros são expulsos do Jardim, Freder segue pelas portas em direção ao Subterrâneo.
     No Subterrâneo ele vê com os próprios olhos explosões vitimando trabalhadores, ele vê homens desmaiando com o peso do trabalho, ele vê a pobreza e a injustiça. Ele imediatamente corre desesperadamente de volta a Metpolis em direção ao escritório de seu pai. Ele então desabafa, conta tudo o que viu a seu pai. Jon Fredersen obviamente conhece toda a situação precária dos trabalhadores, ele afinal é o culpado por ela.
     Mais tarde naquele dia Freder entra nos Subterrâneos e troca de lugar com Georgy, um trabalhador. Enquanto que um passa uma inédita noite curtindo as festas de Metrópolis, o outro sofre trabalhando nas máquinas. Na hora da troca do turno, ele segue os outros em direção a uma caverna. Lá ele vê Maria. A jovem mulher, considerada uma santa pelos trabalhadores, usa seu discurso para impedir que eles se revoltem violentamente contra a cidade, ela prega a vinda do "Coração". O Coração irá ligar o Cérebro e as Mãos (os poderosos de Metrópolis e os trabalhadores que mantinham a cidade viva). Freder logo se identifica como o Coração procurado por Maria.
     Enquanto estes fatos acontecem, Jon Fredersen procura o louco cientista Rotwang. Movido por vingança pessoal, Rotwang deseja destruir Fredersen e toda a cidade, mas finge aceitar a ajuda-lo. Os dois assim por meio de uma passagem o discurso de Maria. Fredersen pede para o cientista construir um robô exatamente igual a jovem. Rotwang descobre também, mas sem contar para seu inimigo, que Freder é o Coração.
     O filme se torna mais movimentado depois que a clone de Maria já está pronta e trabalha como uma luxuriosa dançarina, seduzindo os homens mais ricos de Metrópolis. Ela representa a grande maldição, a Babilônia de Metrópolis. Maria se encontra presa na casa de Rotwang e a sua cópia discursa para os trabalhadores incitando-os para a rebelião violenta. Não irei detalhar o roteiro a partir daqui, mas saibam que as sequências finais são maravilhosas.
     O filme também é interessante pelo sentido de contraste criado entre o futuro e o mundo medieval. Temos um robô sendo queimado na fogueira como bruxa, um cientista maluco que é um alquimista, um elemento religioso que controla os trabalhadores em sua ignorância, etc. Outro ponto fortemente interessante a se destacar é a brilhante interpretação de Brigitte Helm, em momento como a santa e pura Maria, em outros como a femme fatale que é sua clone. Rudolf Klein-Rogge nos entrega também uma intrigante e maravilhosa atuação como Rotwang, nos fazendo lembrar de seu inesquecível Dr. Mabuse. A atuação de Alfed Abel é também memorável, sem fazer as caras e bocas do cinema mudo, ele consegue mesmo assim nos transmitir as emoções de seu personagem (fato decisivo para no advento do cinema falado ele ser um dos poucos atores que mantiveram sua relevância).

NOTA: 10/10. Sim, a nota 10 finalmente apareceu. O melhor filme da lista até agora, provavelmente.  Um filme que pode ser visto e sentido de diferente formas, todas impressionantes e tocantes e humanas.

CURIOSIDADES:

O filme incluiu 37 mil figurantes. 310 dias foram levados para gravar todas as cenas.

Por décadas a única cópia sobrevivente de Metrópolis foi a versão editada para lançamento de 118 minutos.  Recentemente uma cópia quase que completa foi encontrada e uma versão de 148 minutos foi disponibilizada. Esta versão é considerada a mais completa existente e, provavelmente, a mais completa que nunca existirá. 5 minutos do filme original estão completamente perdidos.

A forma original do robô inspirou o C-3PO de Star Wars.

Um dos filmes mais caros da época a ser feito.

Thea von Harbou, esposa de Fritz Lang e roteirista do filme, era uma grande entusiasta de Hitler e do Nazista. Na realidade Hitler e os principais nazistas tinham neste filme o seu preferido. Fritz Lang era judeu e um crítico do regime, mas devido ao Führer ser seu fã, concedeu ao diretor passagem livre para sair da Alemanha sem qualquer problema.

O prelúdio do filme tem a duração de 1 hora.

CITAÇÕES:

" HEAD and HANDS need a mediator. THE MEDIATOR BETWEEN HEAD AND HANDS MUST BE THE HEART!"

"Your magnificant city, Father - and you the brain of this city - and all of us in the city's light - - and where are the people, father, whose hands built your city?"

"Look! These are your brothers! Look - ! These are your brothers! "

"What if one day those in the depths rise up against you?"

"-Oh mediator, have you finally come?
-You called me - - here I am!"

"To the new Tower of Babel - to my father!"

"Deep below - the earth's surface - lay the worker's city."

PRÓXIMO: Aurora...um clássico de Murnau, considerado um dos filmes mais tocantes já feitos e um dos dois vencedores do 1° Óscar de Melhor Filme (sim, existiam duas categorias de melhor filme na época).

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