segunda-feira, 13 de março de 2017

#38 - A Turba (1928)

Título: The Crowd
Duração: 98 minutos
Dirigido por: King Vidor
Escrito por: King Vidor
Produzido por: Irving Thalberg
Estrelado por: James Murray, Eleanor Boardman, Bert Roach
IMDB: 8,0
Rotten Tomatoes: 96%


     A Turba é talvez o filme mais emocionante que eu assisti em toda a minha vida. Este filme me lembrou algo da essência de Aurora, é um filme sobre pessoas comuns, um filme em que o público pode se imaginar dentro dele.
     John Sims nasceu no dia 4 de Julho de 1900. Nascer no dia da Independência do primeiro ano do século só poderia significar que o jovem estava destinado a grande coisas não é mesmo? Esta ideia lhe foi incutida na cabeça durante a infância e quando chegou na idade adulta queria ser tudo menos comum.
     John conheceu Mary e por ela se apaixonou. Ele tinha seu emprego em um escritório. Se casou. Dois filhos nasceram e o salário de John aumentou. Resumo todos esses fatos em poucas palavras, mas acreditem em mim, sua execução é brilhante e nos arranca várias emoções. A cada boa notícia naquela família vibramos juntos, a cada briga daquele casal sofremos, a cada golpe que a vida lhes dá, nos aproximamos ainda mais deles.
     Tudo muda quando a jovem filha dos Sims é atropelada por um caminhão e morre. A derrocada de John começa naquele momento. Afinal, ele é tão comum quanto qualquer outro, ele vê que é mais um na multidão. A morte de sua filha quebra seu espirito e ele não consegue permanecer em seu emprego.
     Na luta para viver ele passa por uma série de dificuldades, trocando de emprego a cada semana e com os irmãos ricos de Mary tentando separar-lhes. Com dificuldades até mesmo para levar comida para a casa, John acaba por aceitar chegar no fundo do poço, segundo a sua visão antiga, trabalhar como palhaço nas ruas da cidade.
     O final consegue ser a melhor parte. Não irei revelar a vocês, mas eu chorei vendo aquelas cenas finais. E ver este filme foi perceber tão profundamente como somos comuns, como somos parte da multidão gigantesca.
     E os cenários do filme foram produzidos para aumentarem o sentimento de ser apenas mais um. A casa dos Sims é extremamente pequena, enquanto os outros cenários são anormalmente grande, como o escritório em que John trabalha. Enquanto a câmera vai se afastando, a figura do protagonista se torna apenas mais uma figura debruçada sobre a mesa trabalhando, nada de especial, nada de incomum.
     Alguns talvez não gostem da ideia do filme, mas confiem em mim e deem uma chance para ele. Ah, e mais um motivo para vê-lo: a atuação não apenas impecável mas maravilhosa de James Murray e Eleanor Boardman.

NOTA: 10/10

CURIOSIDADES:

James Murray era um ator pouco qualificado que aparecia praticamente apenas como figurante. Seu alcoolismo atrapalhava sua carreira. Esta decadência e falta de fama foi o que fez King Vidor escolhê-lo para o papel. Murray inicialmente faltou a reunião por considerar que o convite para interpretar um protagonista era piada.

Vidor foi obrigado a gravar 9 finais diferentes para o filme, porque a MGM não gostava de filmes com finais tristes. (Vidor, você escolheu o certo, o final é emocionante e lindo)

Quando Jean-Luc Goddard foi perguntado na década de 1960 porque ninguém estava fazendo filmes sobre pessoas comuns, ele respondeu "Why remake The Crowd? It has already been done"

O primeiro filme a mostrar um banheiro.

Dez anos após o filme o alcoolismo de Murray o levou a se tornar um mendigo vivendo nas ruas. Um dia King Vidor o encontrou e ofereceu a ele o papel principal em seu próximo filme. Murray recusou e xingou o diretor. O artista seria encontrado morto pouco depois, provavelmente tendo cometido suicídio.

CITAÇÕES:

"The crowd laughs with you always... but it will cry with you for only a day."

"Look at that crowd! The poor boobs... all in the same rut!"

PRÓXIMO: Docas de Nova York...um filme de von Sternberg no estilo os brutos também amam.

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